Por: Tio Hélio
24/04/2012
Nariz de cera
Posso pular para outubro e falar sobre Return to Ravnica? Não... Ok.
Bom, essa semana, entre as coisas de sempre da vida, tive uma gripe infernal. Algo bom, esse negócio de ter gripe enquanto os outros têm dengue (coisa comum na cidade onde moro).
Bem, o que eu pretendia fazer? Chamar o Duvet (o nick de um amigo no Mol) para testar decks pauper para decidir com que deck eu vou jogar no final desse mês no próximo Pauper de papel - porque quando você vê no calendário de eventos “Formato: Pauper + Churrasco” você sabe que tem um compromisso (isso que é vida, gente que esquenta barriga no standard e esfria no modern).
O que eu consegui fazer – arrumar uns singles pra minha coleção de quinta edição e ver ser eu sabia de cor alguma coisa de Macbeth enquanto delirava de febre (“A vida não é nada além de uma sombra que passa...).

E nesse clima de doença e quase morte, julguei mais acertado falar de Mono Black, que é um deck que já playtestei com alguma frequência e não devo playtestar para o torneio, porque não quero repetir o deck. Seria feio e blasè...
Só pra lembrar – esses textos sobre decks pauper aplicam-se aos decks de papel e podem ser aproveitados no Mol. Não estou dizendo que dá pra jogar com Hymn to Tourach no classic pauper do Mol, porque por lá Hymn é incomum.
Para o MBC (Mono Black Control), achei melhor pegar uma lista igual parecida com a que o Duvet usa no MOL (Link). Gosto da lista dele porque é um pouco diferente das outras, por quase exclusivamente matar com Corrupt e Crypt Rats e ter mais remoções do que o normal. Usar 4 Corrupt e 4 Tendrils of Corruption também ajuda em fields de papel cheios de decks Burn e é uma lista que tem um match justo contra White Weenie (coisa que eu precisei ver com meus próprios olhos – e vi). E como burn anda de mãos dadas com pauper de papel, especialmente em lugares onde a comunidade pauper está se formando, life gain sempre ajuda.
Duvet costuma fazer 3-1 com esse deck e ganhar uns tix no mol (tornando os drafts uma realidade viável), razão que me faz considerar a lista bem sucedida. Para o papel, vamos essencialmente mexer no sideboard para colocar os Hymn to Tourach. Importante mesmo não é só netdeckar a lista, é entender o que faz o que e porque.
Pântanos, mais pântanos e mais pântanos.

Você quer 22 terrenos pelo menos, e quer que a maioria deles atenda pelo nome de Pântano. Você não é o deck que você joga, mas você é o número de pântanos que você tem. Além dos terrenos básicos, algumas pessoas jogam com Charneca Estéril, que entra em jogo virada, mas tem Reciclar – porque algumas vezes você fica com pântanos demais (Obs. nada a ver: Esse pântano aí do lado custa mais de US$ 100)
Entre nenhuma e quatro (sim, já vi gente usando 4 no Mol), para mim o melhor número é zero, simplesmente porque eu acho melhor manter o número de pântanos no mínimo e, por isso, não dá para ficar com terrenos entrando em jogo virados. Quando eu animo para abrir slot pra Charneca Estéril, vai uma charnequinha.
No pauper de papel, MBC costuma ser um arquétipo bem popular. Como existem efeitos de reanimação nesse deck, algumas pessoas gostam de usar Bojuka Bog. Se mono black for muito comum, pode até valer a pena. Eu prefiro ficar com meus pântanos mesmo...
Descarte

Sempre é bom ter cartas que joguem contra combo por perto e uma das grandes forças do MBC no papel é usar Hymn to Tourach. Até ai, tudo bem, não fosse um pequeno detalhe...
A maior parte dos decks que eu vejo no pauper é Aggro. Isso significa que é mais fácil Hymn to Tourach/Duress ser dead card do que remoção, estatisticamente falando. Eu prefiro deixar zero no main deck e subir os descartes contra control, combo e burn (a gente precisa tirar coisas do deck)
Em tempo: para adaptar as listas do Mol para o papel, se o meta local pedir (ex. “todos joga” de burn e combo), eu costumo trocar Grasp of Darkness e/ou Victim of the Night por 3 Hymn to Tourach. 4 Hymn to Tourach em main deck é uma regra pra muita gente, mas na minha mão dá problema.
Ravenous Rats é uma carta meio ruinzinha, o pior dos ratos do deck e definitivamente pior do que Hymn to Tourach. No Mol, boa parte das listas usa. Eu não uso porque – acho tosco, pronto falei (e não, Espectro de Liliana não é “menos tosco”). Vamos falar das criaturas na seção seguinte, lá eu explico.
Criaturas

Tenha em mente que o deck usa no mínimo 2-3 Unearth – o feitiço que custa B e deixa você colocar uma criatura de custo 3 ou menos do cemitério em jogo. “Essa a razão da simpatia, do poder do algo mais e da alegria”, além de ser a razão de ter criaturas que fazem coisas quando entram em jogo.
Obrigatório é usar Raivoso Phyrexiano, que te dá uma carta e um bloqueador, o que facilmente compensa a pagamento de um ponto de vida.
Além do Raivoso, o MBC tem uma das criaturas mais legais de todos os tempos: Ratos da Cripta – a sua Danação disfarçada de rato. Ele serve para: limpar a mesa/matar o oponente/empatar o jogo quando você for perder para ficar com uma posição “menos pior” no standing. Existem listas que jogam sem, mas eu acho o bichinho legal demais para deixar de fora.


A carta mais odiada pelos oponentes no MBC é Chittering Rats. Por três manas, ganha-se um ratinho 2/2 que faz o oponente colocar uma carta da mão no topo do grimório. Pessoas odeiam fazer isso, e com razão, já que boa parte das vezes elas acabam praticamente pulando a fase de compra. O momento ideal para descer Chittering Rats é na primeira fase principal; depois que o oponente acabou de comprar uma carta, fez cara feia e passou o turno sem fazer mágica nenhuma. Fazer um Chittering depois de ouvir um “Mana-vai” é quase garantia de outro “mana-vai”... Reanimar um Chittering Rats é... Especial...
Eu não gosto do resto das criaturas: Ravenous Rats, Liliana’s Specter e Okiba-Gang Shinobi. São cartas que me deixam com a impressão de Duress lerdo que não me deixa ver a mão do oponente. Dá para colocar 2-3 Ravenous Rats/Liliana’s Specter, o mundo não vai acabar por causa disso. Eu prefiro usar 4x as três criaturas citadas anteriormente e 4 Unearth, por considerar o efeito delas mais relevante.


Uma das minhas criaturas preferidas, recentemente redescoberta, é Cuombajj Witches – apelidada carinhosamente por mim de “Valéria e Janete”. No papel, elas acabam sendo tão somente sideboard contra infect, já que elas matam boa parte das criaturas do infect “de graça”. Funciona mais ou menos assim, você vira sua bruxa 1/3 e causa um de dano na criatura ou jogador alvo. Em seguida, seu oponente causa 1 de dano no jogador alvo ou criatura alvo.
Ela não é a oitava maravilha do mundo quando você está com seu Crypt Rats por perto, quando você quer usar sangue dos inocentes ou quando você está enfrentando um mono-red (ainda mais no papel, usando Goblin Grenade), razão pela qual ela funciona melhor no side. Okiba-Gang Shinobi ficou de fora, mas você pode colocar em algum lugar nas suas 75.
Comprando Cartas

Além do Phyrexian Rager, é bom ter mais draw por perto. Sign in Blood é muito bom, ainda mais se você lembrar que tem 8 cartas no deck que podem te dar um punhado de vida. É importante, entretanto, tomar cuidado com os Mono Reds da vida. Sign in Blood é auto-out contra Burn e decks usando Goblin Grenade – simplesmente não dá para causar 2 de dano em si mesmo/dar duas cartas para o mono red (sim, você pode usar sign in blood para causar dois de dano no oponente, só que ele compra duas cartas...)
Outra coisa que, em tese, daria para usar é Scarscale Ritual. Você precisa colocar um marcador -1/-1 na sua criatura para comprar duas cartas. Não é o fim do mundo, mas não estamos usando porque o deck não tem tantas criaturas assim.
Remoções

Você tem poucas criaturas e provavelmente vai tentar matar o oponente com Crypt Rats ou Corrupt (que olha só, também são/podem ser remoções). Para chegar até lá, é preciso matar todas ou quase todas as criaturas do oponente. 4 Tendrils of Corruption está lá para ganhar vida para chegar no late game, sendo também uma remoção – dá até para usar na sua criatura e ganhar tempo contra mono-red. Esse pessoal, portanto, também funciona como remoção, mas na prática acaba jogando até contra decks sem criaturas.
Victim of Night praticamente é um “mata a criatura alvo”, já que não é muito comum o uso de vampiros, zumbis e Cia. Ltda. no pauper. Mata Razor Golem e Ulamog’s Crusher com facilidade. Mesmo assim, quando é para mexer (colocar descarte no main), Victim of the Night acaba saindo.
4 Geth’s Verdict + 2 Innocent Blood é a arma contra criaturas com proteção contra o preto, hexproof, shroud, etc. Você mata o que está em volta com as outras mágicas e mata o problemão com uma dessas cartas. Por essas e outras, é o que eu sempre deixo no meio das remoções. Disfigure ficou de fora, mas você pode colocar em algum lugar nas suas 75.
Decklist final (pauper de papel):
22 Swamp
4 Crypt Rats
4 Chittering Rats
4 Phyrexian Rager
4 Unearth (tá no meio das criaturas mesmo)
4 Victim of Night
4 Geth’s Verdict
4 Tendrils of Corruption
2 Innocent Blood
4 Corrupt
4 Sign in Blood
Sideboard:
4 Perilous Myr
4 Hymn to Tourach
2 Duress
3 Echoing Decay
2 Cuombajj Witches
Explicando o sideboard
Perilous Myr: é algo útil contra decks de poucas criaturas (como mono-red) e contra White Weenie, por “acertar” criaturas com proteção contra o preto. Até contra infect é legalzinho.
Hymn to Tourach e Duress: normalmente andam juntos. Entram contra decks control, decks com poucas criaturas no lugar de remoções (Victim of Night e Innocent Blood, por exemplo). Contra burn você é simplesmente obrigado a tirar Sign in Blood – elas entram no lugar.
Echoing Decay: Útil contra fichas de coisas, que costumam ter o mesmo nome. Além disso, é uma remoção bem ok até mesmo contra infect, no lugar de Tendrils of Corruption, por ser mais barato (embora seja possível salvar a criatura com pump).
Cuombajj Witches: É legal. Tem gente que usa Serrated Arrows, para ajudar contra coisas que tem proteção contra o preto. Eu prefiro minhas bruxinhas, que matam as criaturas do infect (meio tarde) e são uma criatura 1/3 por 2, ou seja, bons chump blockers.
Testes mais frequentes e exemplos de game plan
Infect: -4 Corrupt, +4 Perilous Myr. Daria para usar as bruxinhas, mas Perilous Myr é uma boa porque além de Chump Blocker, pode levar uma criatura que esteja perdida no board. Você pode manter seus corrupts lá como win-condition e tirar 2 Tendrils of Corruption e colocar 2 Echoing Decay, como dito anteriormente. Como você precisa do maior número de remoções possível, melhor mesmo é tirar os corrupts. Moral da história: você não precisa ganhar tanta vida, precisa só se preocupar em não deixar nenhuma criatura viva o mais rápido possível.
Burn: -4 Sign in Blood, -4 Victim of Night, -2 Innocent Blood, +4 Hymn to Tourach, +2 Duress, +4 Perilous Mir. Provavelmente você não vai precisar de tantas remoções assim, nem de tantos descartes assim (“tipo”, 4 Hymn costuma ser muito contra decks rápidos). É que é muita coisa para tirar, então é melhor escolher os dead cards melhores.
Mirror: -4 Victim of The Night, -2 Innocent Blood, +4 Hymn to Tourach, +2 Duress. O mirror se resolve no card advantage. Matar criaturas do mono-black, além de ser meio inútil, pode ser card disvantage virtual ou real (o oponente pode reanimar ratos e raivoso phyrexiano). Como mono black não costuma esvaziar a mão cedo, nunca dá errado entrar com os descartes.
White Weenie: -1 Corrupt, -1 Sign In Blood, +2 Perilous Mir. Você não tem muita coisa para tirar, mas tem muita coisa para colocar. Eu gosto de ir tirando 1 de cada coisa do deck e ir colocando perilous myr e/ou serrated arrows (que você pode usar no side no lugar da “Valéria e Janete”). O deck tem um match bem jogável contra o White Weenie normal, mas dá rolo se o oponente estiver usando 3 Guardian of Guildpact e 3 Order of Leitbur no main deck (duvet joga assim no pauper de papel, já que muita gente por aqui curte jogar com MBC). Todos os perilous myr e as remoções entram nesse caso, já que a ordem do dia é sobreviver.
Conclusão
Gosto bastante do deck e do arquétipo. A lista trazida é funcional no Mol, mas para o pauper de papel são necessárias adaptações. Embora Hymn to Tourach seja meio “quebrada”, praticamente um motivo para jogar de MBC, é preciso tomar cuidado para ela não ser uma dead card.
No final do dia, para jogar de MBC no papel é preciso observar seu metagame local (quantidade de burns, quantidade de White Weenies com 3 Guildpact e 3 Order of Leitbur – normalmente proporcional ao número de MBC) e fazer os ajustes necessários.
No MOL, onde não tem Hymn to Tourach comum, o dono da decklist vai bem obrigado com a lista do link e consegue um bom número de tix no pauper com ela. Mais pra frente eu falo de outros decks...
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