A hora é agora!

Por Aloyr Rezende,
Equipe Liga Arena
13/12/18


Olá pessoal, aqui é o Aloyr, membro da equipe liga arena e streamer de magic, e hoje resolvi falar sobre o tema do momento, o Magic Arena.

Nesses últimos tempos, os pronunciamentos da Wizards sobre o futuro do magic tem trazido uma série de terrorismos e lendas urbanas sobre o jogo (ou sobre o fim do jogo) e isto tem trazido muita inquietação a lojistas e aos jogadores.

Claro, mudanças sempre trazem medo e o inevitável gosto de “fim” nas coisas que fazemos, mas temos que ser bem analíticos para não cairmos numa enxurrada de Fake News sobre o nosso tão amado magic.

Então este meu artigo traz a vocês a minha analise sobre o novo e-sport do momento e o impacto sobre o jogo físico para as nossas vidas.

Deixando claro, obviamente, que apesar de eu estar me baseando em estratégias de mercado e etc, esta analise é pessoal e tenta delimitar e esclarecer novas tendências a vocês, portanto, não sejam preguiçosos e procurem sim outras visões e opiniões sobre o mesmo assunto. Assim, quem sabe, podemos ter uma discussão livre de terrorismos e racional.


Créditos: Wizards of the Coast.



 Inflação, a história ruim do magic.



Quem joga magic a um tempo sabe que o preço das cartas hoje está simplesmente descontrolado, mas que nem sempre foi tão maluco assim. Antigamente, as cartas quando eram lançadas no standard, elas tinham um certo “limite” de preço, culturalmente estabelecido, onde tornava as coisas um pouco mais “acessíveis” aos jogadores. Isto começou a mudar um pouco com a presença do novo formato, o modern, no cenário competitivo.

Este formato, que é bem diverso, possuía um claro pilar de terrenos necessários ao formato e muitos decks históricos no T2 poderiam voltar a brilhar no mesmo. Basicamente, cartas que antes já não jogavam em formato nenhum, voltaram a ser válidas e muitos jogadores ficaram felizes em ver que suas antigas cartas poderiam agora brilhar novamente.

Isto causou um imediato aumento no preço das cartas chave, como as fetch lands e as shock lands, que do dia pra noite explodiram de preço e aumentaram consideramente. Quem ainda puxar na memória, vai lembrar de preços malucos em volta de cartas como “putrificar”, que começou a entrar na casa dos 2 dígitos (coisa rara para cartas incomuns na época).

Claro, esse efeito foi um tanto natural e as lojas viram na época uma oportunidade de lucrar com cartas que basicamente não iriam jogar mais em lugar nenhum. Infelizmente isto passou para o lado abusivo rapidamente e o formato que deveria ser inclusivo acabou sendo mais separatista que tudo.

Bem, este primeiro ponto afetou um pouco o preço nas cartas standard sim, que começou a levemente passar o preço “limite das cartas”. Imagino que este efeito foi uma espécie de visão que o mercado teve sobre “quanto um jogador pode pagar por suas cartas”, afinal as cartas modern tinham preços mais alto que o natural e ainda sim vendiam.

Mas o pico do preço no standard, se não me falha a memória, veio basicamente com advento das fetch lands em khans of tarkir. Claro que eu como qualquer outro jogador amou ver estes terrenos finalmente relançados. Eu realmente cheguei a acreditar que a partir daquele momento, os formatos voltariam a ser acessível a todos, mas eu estava bem enganado.

O impacto inicial claro foi a diminuição no preço dos terrenos por causa da nova impressão dos terrenos. Os preços batiam míseros 20/30 reais no começo, mas claro que isto não se manteve assim por muito tempo. Acredito que a nova realidade não era boa para os lojistas. Seus estoques de fetchs antigas acabava parados em detrimentos dos novos terrenos, então um efeito interessante ocorreu. Assim que saiu a próxima edição, o preço dos terrenos explodiu novamente.

Eles ainda eram standard, mas a tiragem deles já não era mais reposta pelas lojas, isso inflacionou as cartas acima de 40 reais, e os jogadores começaram que a ter que pagar preços assim para poderem montar seus baralhos. Com esta nova realidade, foi verificado que os jogadores poderiam pagar preços descomunais mesmo em cartas standard, e aí começou a era dos super preços.

Quem lembra de Jace, Vryn Prodigy? A carta ficou bem acima dos 100 reais assim que começou a jogar. Esse é só um exemplo, temos cartas como Gideon, Ulamog e etc que inflacionaram assim que viram jogo. Fatal Push, Torrential gearhulk, Scarab god, esses são apenas alguns poucos exemplos de carta que estouraram.


Créditos: Wizards of the Coast.


Mas bem, você que joga competitivo pode até estar habituado já, mas te pergunto, você acha isso saudável para o jogo? Que esperanças de futuro tem um jogo que não consegue agregar novos jogadores porque simplesmente ele tem que pagar mais de 1000 reais em um baralho para começar a vida competitiva?

O efeito desta inflação foi muito claro. Os torneios foram sendo reduzidos cada vez mais. Não compensava gastar grana assim e perder um campeonato depois. E fora os jogadores velhos que foram desanimando de se manter no standard, afinal ele possui o fator rotação, que obriga o jogador a reciclar suas cartas, e a este preço é realmente complicado, e começaram a jogar apenas modern por “pagar menos” (aliás, posso falar seguramente que modern possui uma variância grande e por isso os gastos tende a ser constantes, mas ainda sim parecem ser menos “obrigatórios”).


A Wizards e o mercado inflacionado



Bem, muitos jogadores culpam um suposto “descaso da wizards” para os preços altos, mas eu realmente tenho que dizer que a empresa tentou resolver, e bastante. Primeiramente temos que entender que a wizards não tem tanta influência no preço das cartas quanto parece que tem. Acredito que talvez a influencia dela restrinja-se a reserved list, que nesse caso impacta prioritariamente no legacy e na base de mana do mesmo.

A wizards não vende cartas single, apenas material para as lojas revenderem. Claro que poderiam me falar que ela poderia resolver isto facilmente abrindo lojas oficiais, mas aí temos que considerar o gasto BILIONÁRIO que seria abrir lojas em todo o mundo e gerir todas elas a partir de uma matriz principal. Fora que isto não condiz com a estratégia e plano de negócios da empresa, afinal ações em custo de cartas impactaria totalmente no preço dos boosters e seria uma coisa extremamente complicada de controlar centralizadamente.

Quem detêm hoje os preços e flutua o mercado é simplesmente as lojas de magic. Posso dizer que as grandes lojas na verdade, como a starcity games. Elas tabelam preços e acabam influenciando o preço das demais. Como o estoque destas lojas é gigantesco, elas podem simplesmente quebrar outras lojas reduzindo preços e vendendo por muito mais tempo que as outras aguentariam. Nesta lógica, se o preço é maior, elas simplesmente compram de outras lojas menores, fazem o estoque, inflacionam o mercado e vendem a preços maiores.

O mercado de singles (como é chamado o mercado de cartas separadas) é simplesmente agressivo e opressor. A wizards com certeza viu a diminuição de seu público em detrimento aos preços, e também viu a oportunidade de ganhar dinheiro em cima de cartas mais cobiçadas, uniu o útil ao agradável e começou a lançar coleções como modern másters, que continham muitas das cartas mais jogadas nas coleções.


Créditos: Wizards of the Coast.


O intuito, vejo eu, além de ganhar muito mais dinheiro, era injetar muitas cópias de cartas no mercado e esperar com isso que os preços caíssem drasticamente. Mas basicamente a segunda parte da estratégia falhou. A cada edição, os preços dos booster de Modern Masters aumentavam e as cartas também. Os lojistas abriam o material e vendiam separadamente cartas e o ciclo continuava (com a exceção de que lojistas agora possuíam mais cartas para vender)

Neste ritmo, caindo jogadores e aumentado preços, o magic é uma bolha de inflação que tende a estourar a qualquer momento e derrubar inúmeras pessoas junto com isso. Entende agora como o mercado do magic é complexo? Entende agora como esta situação prolongadamente iria fatalmente resultar no fim do jogo?


O ar dos novos tempos - Magic Arena e o e-sport



Antes de tudo, vou começar a falar da “tendência dos e-sports”. Diariamente, vemos noticias de jogos como League of Legends, Heart Stone, Counter Strike e etc e de seus ganhos milionários. Equipes são formadas, eventos lotando estádios de futebol são feitos, grandes ídolos aparecem. Patrocínio, marcas, comerciais, um monte de coisas crescendo se alimentando de e-sports.

Este mercado hoje movimenta milhões e é simplesmente o futuro dos eventos competitivos. A nova e maior grande tendência do momento no sentido de competição, inquestionavelmente. Quando pensamos nisso, começamos a entender a grandeza do que a wizards fez lançando o magic arena como o mais novo e-sport do momento.

A ação traz o nosso amado jogo a um cenário competitivo real e totalmente promissor, e tecnicamente a custos muito reduzidos (senão de graça), fora a acessibilidade que chega a todos que possuem um computador pelo menos mediano. Isto é realmente muito bacana, pois agora o magic deixa de ser um jogo “underground” e começa a ser conhecido por outros jogadores que começaram agora.

Comecei recentemente a fazer stream (na verdade, considerando o dia que estou escrevendo, ontem foi meu segundo dia) e ontem tive a oportunidade de ter uma galera que começou a jogar no arena me perguntando sobre como era o magic do papel e etc. Galerinha super interessada e gostando muito do jogo.

E por aí já vemos como é promissor o Arena. Simplesmente comecei a 2 dias fazer streamer e já tinham novos jogadores muito entusiasmados com a coisa. Então posso facilmente te fazer uma pergunta. Você realmente tem alguma dúvida que esse é o futuro do jogo?


O magic de papel e os novos tempos



Mas e ae Aloyr? Então quer dizer que o magic de papel já era? Obvio que não, essa afirmação possui tons de inocência quase fantasiosos.

Antes de começar a pensar sobre o fim do magic, vamos colocar a mente pra funcionar de verdade. Quanto você imagina que a wizards fatura com a venda de material? Quanto de maquinário ela possui? Quantas pessoas trabalhando nestas áreas existem? Quantos novos acordos com distribuidoras foram feitas só esse ano?

Se você começar a pensar em estrutura de empresa, vai ver o quão absurda e esta ideia. O magic de papel não vai acabar, e não afirmo apenas isso, como afirmo que ele vai justamente crescer, e muito.
Porque? É bem simples de entender:

O Magic Arena traz a possibilidade de jogar de graça em seu computador. Esta possibilidade faz você criar decks e testar virtualmente com a galera. Basicamente, agora irá trazer o cenário competitivo do e-sport para seu computador e você poderá muito bem começar a disputar torneios em sua casa. Porém, também existe os torneios e etc físicos, onde jogadores devem ter seus baralhos para jogar, e estes também são recompensadores.

A wizards com toda a certeza irá incentivar os dois tipos de torneios e fazer interconexões entre eles, onde jogar um fará você ter vantagens no outro. Agora, sabemos que o mercado de singles está altamente inflacionado hoje, mas isso agora tende ao fim. Porque? Simples.

Vou pegar uma carta como exemplo, “Teferi, Hero of Dominaria”. Esta carta está na casa dos 200 reais, oscilando entre este preço. Hoje, se você quiser jogar um torneio competitivo, você precisará desta carta e simplesmente não tem muito o que fazer senão comprar (ou jogar com um deck ruim que vai resultar em tomar um belo sacode num torneio). Com o magic arena, você simplesmente não vai mais precisar pagar tão caro assim numa carta, afinal, 200 reais são umas 6000 gemas no jogo, e você poderá comprar estas gemas, abrir booster e usar uma wild card para fazer um teferi, e ainda sobrará um monte de gemas, provavelmente. Então você vai ter o Teferi e jogar o competitivo. É muito mais barato.


Créditos: Wizards of the Coast.


Então, pela lei do mercado meus amigos, se temos um concorrente a altura e mais barato, qual vai ser a resposta das lojas? Invariavelmente, deverão diminuir e muito os preços para se tornarem competitivas.

O magic arena não só disponibilizou o jogo a todos de um jeito mais barato, como criou uma sub concorrência com o físico, que apesar da wizards não incentivar a mesma, vai causar o efeito inevitável de desinflacionar o mercado de singles para que ele possa ser atrativo também aos novos jogadores.

Basicamente, como haverão mais jogadores, a tendência é que venda mais singles mas com um preço reduzido, afinal se aumentar muito, é melhor jogar só o eletrônico mesmo, correto? Este cenário finalmente será muito favorável aos jogadores, que poderão agora disputar seus torneios sem a opressão de preços que sofriam antes, e isso deve tão logo gerar eventos gigantescos de jogadores de magic por aí a fora. É legal ou não é?


O futuro é agora, a hora é essa!



Então meus queridos jogadores, vocês amam magic? Sempre quiseram jogar competitivo, ter um nome, ganhar uma grana com o negócio? Então pode começar a ficar feliz, Magic agora é um e-sport e o faturamento para os jogadores ficará muito maior, tanto no físico quanto no eletrônico.

Podem ter certeza que essas mudanças beneficiarão muito os jogadores, que finalmente poderão até mesmo pensar em viver como players deste jogo maravilhoso. Claro, está no comecinho agora então dúvidas, incertezas e etc são normais, e mudanças com certeza virão, mas paciência e foco é o que devemos ter agora. Então galera, se organizem, façam times, baixem o arena, tirem o pó dos decks e bora jogar magic galera!


A hora é agora!!!

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