Por Francisco Ferreira
Equipe Liga Arena
Saudações senhoras e senhores, ChicoBS aqui vindo até vocês trazer um pouco do que foi esse Nacional 2018 ao melhor estilo do lixo ao luxo, sem vaga para o evento principal até um dia antes, e emplacando um top 8 nesse pequeno torneio de 535 jogadores.
Os trabalhos se iniciaram sexta-feira, quando parti de Aparecida para Taubaté encontrar minha carona pra São Paulo. Normalmente a equipe da Liga Arena viaja junto, mas desta vez eu e o Pedro “Coragem” fomos com os taubateanos Ralph e Casassanta rumo a um feriado de Trials e PPTQ para eles e qualificatório para o nacional para mim. Praticamente não joguei Magic em 2017, e o início desse ano não foi suficiente para conseguir 300 PWP, de forma que tudo que eu tinha naquele momento era confiança na minha preparação com o Mono Red Keld para fazer um 4-0 em um LCQ.
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Créditos: Wizards of the Coast |
Após 1 hora a 150 km/h regada a muita contação de história (e 15 minutos de uma breve explicação do limitado de M19 ao Ralph, que tinha recém descoberto que 6 das rodadas do Nacional seriam draft), chegamos ao evento. Me inscrevi para o primeiro LCQ do dia, encontrei Élcio e o Ruan, amigos da Liga Arena que também estavam tentando a vaga e se inscreveram para o segundo LCQ, e parti para o torneio. Duas rodadas depois eu estava sendo despachado por um BR Midrange (que, depois descobri, ganhou esse classificatório).
Élcio e Ruan tinham tomado nabo no LCQ 2, nos inscrevemos no LCQ 3, que começou com MUITO atraso devido à escassez de players, sabendo que só um de nós (ou nenhum) teria a vaga para o Nacional. Spoiler alert nº1: venci esse torneio. Enfrentei o Ruan jogando de Esper na semifinal, onde tivemos uma partida bem injusta, com ele keepando mãos duvidosas de 6 cartas em ambos os jogos, e na sequência consegui a vaga em um mirror match de Mono Red Keld. Primeira missão cumprida, agora começava a parte mais difícil: mandar bem no Nacional.
Naquela noite fiz os últimos retoques na lista, inclusive com a tech do Ruan de colocar Detection Tower no lugar da vigésima montanha do side, contra Vine Mare. Felizmente não enfrentei nenhuma Vine Mare o fim de semana inteiro, e nem vi a Detection Tower (apesar de subir em todos os jogos que entrava com os drops 4 do side), mas ainda acho que foi uma tech válida, apesar das críticas em relação a usar Goblin Chainwhirler e precisar da três montanhas no turno 3 (afinal, se a lista precisasse de 20 montanhas para fazer isso, usaria as 20 no main deck, e não apenas 19, certo?). Depois de uma noite de sono com uma breve interrupção de um despertar coletivo às 3 da manhã para conversar sobre o draft de M19, fomos para o Nacional.
Esta é a lista final, com poucas alterações em relação àquela postada na semana passada aqui.
Red Flame of Keld
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19 Mountain
(19 Lands)
(26 Creatures)
(3 Enchantments)
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4 Shock
(12 Instants)
Sideboard (15):
3 Abrade
2 Cut
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Round 1 – No show
A confiança, depois de um 4-0 no LCQ, estava lá em cima, mesmo sabendo que o nível do sábado estaria mais alto do que o da sexta-feira. Meu primeiro oponente não apareceu, sendo provavelmente uma das pessoas que se inscreveram só para pegar a promo, os boosters e não jogaram o torneio; só tenho a agradecer. (1-0)
Round 2 – UW Control
Meu oponente parecia um jogador veterano, mas demonstrava inexperiência com o deck e com o formato. Foram jogos difíceis, onde os Fight with Fire brilharam muito pós sideboard. Após os 3 jogos ele me revelou ter pegado o deck naquele dia, e tinha dúvidas sobre a interação entre Disallow anulando a habilidade ativada do Bomat Courier. Fiquei feliz encontrando-o entre as primeiras mesas no dia 2, demonstrando que sua curva de aprendizado subiu rapidamente. (2-0)
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Créditos: Wizards of the Coast |
Round 3 – BR Midrange
Não há uma estatística oficial do metagame do torneio, mas havia muitos desses BRs popularizados por Seth Manfield como a melhor versão para se jogar o mirror match. Felizmente para mim, o matchup contra RDW piora consideravelmente quando se opta por usar Vraska’s Contempt e mais terrenos que entram virados. O último dos dois jogos foi bem ruim, com ambos comprado 8+ terrenos e 6-7 spells, e uma simples ameaça não respondida resolvendo o jogo. (3-0)
Round 4 – Mono Red Keld
Meu oponente usava a lista padrão, com vários bichos X/1, e o que normalmente é a fraqueza dessa versão no mirror match acabou por ganhar os jogos, já que eu não matei nenhum deles com a habilidade do Chainwhirler, e o jogo 1 se prolongou o suficiente para que Khenras 4/4 zerassem meus pontos de vida. No jogo 2 fui simplesmente atropelado. (3-1)
Round 5 – UB
Não sei ao certo se era um control ou midrange, nos dois jogos meu oponente só resolveu spells que os dois arquétipos compartilham. Foi um jogo 1 rápido, sem respostas às minhas criaturas, e um jogo 2 cheio de remoções por parte do UB, mas o gás dele eventualmente acabou, enquanto eu parei na quarta land e só comprei spells. (4-1)
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Créditos: Wizards of the Coast |
Estava ansioso para a porção limitada do torneio, já que gosto muito do formato e havia estudado bastante o draft de M19. Esperava conseguir um bom resultado, e continuar representando as lendárias habilidades de draft dos jogadores da Liga Arena, mas acima de tudo, tentar continuar X-1 para não precisar ganhar todas no dia seguinte.
O primeiro draft do Nacional começou com um bom pick na forma de Windreader Sphinx, seguida da melhor comum do formato: Lich’s Caress. Na sequência peguei uma Surge Mare, e no quarto pick percebi que havia um Vigilant Baloth que não deveria estar ali, mas optei por uma carta azul mediana. No quinto ainda tinha uma Vine Mare no booster, e aí não tive dúvidas, pulei pro verde e terminei com um UG Big Stuff com muitas bombas, incluindo duas Departed Deckhand para conseguir a evasão necessária para finalizar o jogo.
Round 6 – BR Sacrifice
Foi uma partida bem disputada contra um deck cheio de bombas, entre elas 2 Dark-Dweller Oracle e Vampire Sovereing (o famoso Siege Rhino com asas). Mas Vivien’s Invocation fez um ótimo trabalho todas as vezes que apareceu. (5-1)
Round 7 – BWr Lifegain
Esse deck parecia consideravelmente mais fraco do que o do meu oponente anterior. Tudo indica que branco e preto foi muito draftado no meu pod, o que deixou as cartas boas dessas cores muito espalhadas pela mesa. Meu oponente parecia enxergar sua única possibilidade de vencer numa Inspired Charge bem encaixada, mas nunca achou a janela necessária. (6-1)
Round 8 – UGb Good Stuff
Sentei achando que meu oponente estava de Grixis, pois abriu um Nicol Bolas foil no booster 3 e fez uma poker face muito forçada (parecia até bravo), mas não, estava com um deck muito parecido com o meu, e bem forte, o que me faz pensar que talvez só nós estivéssemos nessas cores na mesa (verde com certeza, azul provavelmente havia mais alguém draftando). Os jogos se resumiram em uma mesa travada onde ninguém atacava, com Departed Deckhand ganhando sozinha os dois jogos. Estava terminado o dia um e eu estava bem vivo no torneio. (7-1)
No dia 2, tínhamos três da equipe ainda com chances no torneio, Marquinho (7-1), Lelis (6-2) e eu (7-1). Nós três havíamos feito 3-0 em nossos respectivos pods no dia anterior, então chegamos com bastante confiança para o segundo draft do torneio.
Eu estava no pod 2 junto com o Marquinho. Por sorte sentamos em lados opostos da mesa, e estávamos na esperança nos enfrentar na rodada 11, como invictos do pod, mas não foi bem assim que as coisas aconteceram. Comecei o draft pegando um sólido Graveyard Marshal, mas logo as cartas pretas pararam de aparecer. Terminei com um UW Artefatos bem montado, mas não tinha nada que me fizesse sentir que era um deck 3-0. Até porque, depois de tudo que passou por mim no booster 2 eu sabia que o cara a minha direita tinha um deck verde insano, que provavelmente era o melhor da mesa. Spoiler alert nº2: esse cara era o Lucas Caparroz, que fechou 3-0 nesse draft.
Round 9 – UW Fliers
Nessa partida ficou claro como os arquétipos são importantes nesse formato, e um UW com sinergia de artefatos (Aerial Engineer dá a dica) naturalmente se mostra superior a um deck de mesma cor, só que sem as interações desejáveis. MVP da partida: Sleep. (8-1)
Round 10 – RW Aggro
O arquétipo mais consistente do formato, na minha opinião. É possível fazer um deck boros que faça 3-0 sem ter uma única rara, ou sequer uma incomum no deck, mas no caso do meu oponente ele tinha, não só a incomum dourada Heroic Reinforcements, mas também outras bombas como Volcanic Dragon, Resplendent Angel, e praticamente todas as remoções comuns e incomuns das cores vermelho e branca, gg easy. (8-2)
Round 11 – BG Parede
Nada passa contra esse deck, e o que normalmente passaria morre, e meu oponente ainda tinha a inevitabilidade a seu favor com Graveyard Marshal. Perdi o jogo 1, consegui agredir rapidamente no jogo 2, e meu plano no jogo 3 era encaixar um Sleep (que ele não tinha visto em nenhum dos jogos anteriores) antes que ele pudesse fazer um Declare Dominance (que eu também não tinha visto, mas esperava que ele tivesse, spoiler alert nº 3: ele tinha). Comprei o Sleep, lotei a mesa, e ele não comprou o Dominance a tempo. (9-2)
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Créditos: Wizards of the Coast |
Mais duas rodadas de standard nos esperavam. Marquinho também havia perdido na rodada 10, e naquela altura sabíamos que as chances de garantir o top 8 eram grandes se ganhássemos a próxima.
Mas agora era T2 novamente, onde ninguém é de ninguém, tudo pode acontecer, e só importa estar no play. Tentaríamos não nos enfrentar.
Round 12 – BR Midrange
Novamente enfrentei um Seth Manfield’s Deck, ganhando bem tranquilamente o jogo 1, e a um turno de ir pra vala no jogo 2, mas o sexto land drop no sexto turno me deu a vitória. Pude resolver Hazoret e Flame of Keld no mesmo turno, batendo 5, no turno seguinte fiz um Wizard’s Lightning e uma ativação da Hazoret (5 de dano), desvirando e finalizando com duas ativações da deusa durante o capítulo 3 da saga, (8 de dano), levando meu oponente a exatos zero de vida. É nessas horas que eu amo esse deck. (10-2)
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Créditos: Wizards of the Coast |
Round 13 – ID
Após a publicação dos standings eu tinha grandes chances de passar para o top 8 empatando, meu oponente concordou em dar ID, então teríamos uma rodada de descanso e aflição na expectativa dos resultados. Infelizmente o Marquinho tinha perdido um jogo difícil na rodada anterior, ficando X-3 e consequentemente fora do top 8, mas ao menos um jogador da Liga Arena estava ali para reclamar o título de Campeão Nacional. Spoiler alert nº4: a única reclamação foi de ter comprado 7 lands durante um jogo nas quartas de final.
Quartas de final – BR Aggro
Após os anúncios, fotinhas, etc, começaram os jogos do top 8. Eu passei em sexto, enfrentando o terceiro colocado, o que me fez estar no draw, somado ao fato de eu ter mantido uma mão bem duvidosa e sua versão de BR ser a melhor contra o meu deck (tão rápido quanto, remoções de baixo custo, mas com uma parede na curva quatro em forma de Rekindling Phoenix, e Glorybringer na cinco), as chances não estavam a meu favor.
Em cerca de 20 minutos o sonho de representar o Brasil na World Cup em Barcelona tinha caído por terra. No mais foi um jogo jogado, a única decisão que eu tomaria diferentemente em ambos os jogos talvez fosse mulligar a mão do jogo um. Méritos ao vencedor.
Apesar de não conseguir a tão sonhada vaga, encaro esse top 8 como um resultado muito positivo. Há tempos não jogava um Nacional – e de fato só esperava jogar o do ano que vem – no entanto, junto com a vaga, veio essa enorme conquista, que certamente irá me motivar por muito tempo a prosseguir buscando resultados cada vez mais expressivos. Agradeço a todos que me acompanharam nesses três dias respirando Magic, e que mais dias recompensadores como esse venham pela frente.
Abraços e até a próxima.
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