O Campeonato Mundial e seus 2 campeões!

Por Julio De Biasi

Equipe Liga Arena

Ola a todos, Julio De Biasi mais uma vez aqui!

Exatamente a uma semana atrás eu estava pensando no que escrever para o meu artigo mensal para a Liga Arena, e recebi um link falando sobre um desabafo e/ou explicação de um jogador do World Championship 2018 estaria abrindo mão de participar dele. 

Esse jogador era ninguém menos do que Gerry Thompson, campeão do Pro Tour Amonkhet (conseguindo desta forma a vaga para o torneio mundial) e além de ser super conhecido no meio, é um ávido escrito de artigos e tech decks na StarCityGames.

As razões que ele lista e explica na explicação dele no Reddit são muitas, desde preocupações dele com o cenário competitivo e o quão recompensado é um jogador de Magic, seja pela empresa que o coordena, seja pelos prêmios propriamente ditos de torneio, até o ponto que para mim foi crucial.

Gerry, em um dos seus motivos, deixou bem claro que para jogadores que buscam competir de forma profissional no Magic e moram fora dos Estados Unidos, e principalmente nas regiões LATAM (Latino Americana) e APAC (Ásia-Pacifico), isso é praticamente utópico, seja pela falta de disponibilidade de vagas para o Pro Tour ou seja pela falta de eventos premier fora dos EUA. Ano passado, os norte-americanos tiveram 2/3 do total de GPs, e segundo ele mesmo, não é um caso isolado.

Créditos: Wizards of the Coast

Eu acompanhei todo esse caso via Reddit e também por outros sites, como a entrevista do Luis Scott-Vargas na Channel Fireball, e também pelo Twitter do próprio Gerry Thompson, e é preciso dizer que 99% das pessoas apoiaram o feito, tendo dentro desse 1% pessoas que o criticaram sem entender os motivos e até mesmo quem disse que ele deveria ter aberto mão da vaga antes para que outra pessoa pudesse competir no seu lugar, a minha perspectiva quanto a isso pode não significar nada para muitos, mas eu me senti super bem representado por um Pro Player pela primeira vez, e não foi pelo deck que ele usou, ou pela incrível carta no seu sideboard que ninguém havia pensado antes, mas sim pela sua postura e conduta.

Não foi simplesmente chegar e falar os pontos “errados” da Wizards em relação ao jogo, convites para pro tour, cobertura de eventos e calendário, foi falar tudo isso e propor soluções, não foi uma preocupação egoísta da parte dele, e sim uma preocupação com a Comunidade. E isso que demonstrou incrível caráter e comprometimento com o jogo. Criticar é fácil. Abdicar de prêmio, fama, pontos profissionais, e até mesmo um troféu são coisas extremamente difíceis, e com certeza, não deve ter sido uma decisão fácil. E por isso Gerry Thompson é o meu primeiro campeão do World Championship 2018.

Dentre muitos pontos ditos por Gerry Thompson os principais que ficam para mim são os seguintes:

• Mais vagas para o Pro Tour, fomentando assim a base de jogadores e criando sempre uma maior comunidade dentro do Magic;
• Grand Prix e eventos premier não apenas nos Estados Unidos, mas para todas as regiões, não deixando de lado LATAM e APAC;
• Mais respeito pelos jogadores, e isso de várias formas, entrevistas, reconhecimento, histórias, o JOGADOR deve importar e não só a carta que ele usou;

Respeito. Sim. Respeito. Respeito pelos jogadores que procuram competir entre os melhores, com um calendário que possa ser seguido, com informações sobre os próximos acontecimentos e sobre tudo que seja relevante a carreira de forma mais clara e prática, o calendário do circuito profissional é divulgado de forma tão difícil, que planejar viagens para torneios é algo quase impossível; 

• Uma melhor cobertura, afinal de contas, acompanhar um torneio de Magic também pode e deve ser prazeroso para quem está em casa, e não no torneio, sei que isso não é algo que todos compartilham, mas eu gosto MUITO de assistir torneios competitivos na Tv, acompanhando jogadores que eu sigo / gosto e vendo as novidades em decks, sideboards, draft e etc.

Com o “fim” de todo esse episodio, nos sobra o torneio de fato, onde então agora 23 jogadores competiriam pelo prêmio máximo, Campeão Mundial.

O formato desse torneio era “obsoleto” e foi bem pouco divulgado, muitos ficaram sabendo do torneio apenas depois do link do Reddit começar a circular nas mídias sociais, iriamos ter Limitado (draft) de Dominária, e Standard, o mesmo formato que estamos jogando a um tempo, Br e Keld Red contra o mundo, digo, bloco de Kaladesh + bloco de Amonkhet + Dominária + M19, um formato considerado por muitos, esgotado.

Ainda assim, era o que tinha para assistir, e eu como viciado nesse jogo, comecei a assistir e acompanhei por algum tempo o torneio. 

Logo nas primeiras rodadas foi possível destacar dois jogadores, Grzegorz Kowalski e Javier Domingues, o primeiro Pro Platinum que participava pela primeira vez desse torneio, o segundo um jogador mais conhecido do publico, que perdera a final ano passado para William Huey Jensen. Eles foram dominantes do começo ao fim, spoiler alert, tanto que se encontraram na final. Outros jogadores também fizeram sua presença marcada, Ben Stark trouxe uma versão própria de Mono Red e alcançou também o top4. Um outro jogador que eu esperava que fosse bem, desapontou (afinal, não se pode ganhar todas) e foi Martin Juza, infelizmente.

Créditos: Wizards of the Coast

E então, na ultima rodada, algo extremante triste aconteceu, o único representante japonês nesse ano Ken Yukuhiro falhou comunicar ao juiz o fato de estar com o seu deck errado para a primeria partida após comprar uma carta do seu sideboard, e foi então desclassificado, uma pena. Isso é claro, trouxe um jogador muito bem conhecido a chance de ser campeão mundial pela TERCEIRA VEZ, isso mesmo, Shahar Shenhar garantiu sua presença mais uma vez na parte eliminatória do Mundial e teria a chance ao terceiro título.

O top4 ficou então com Javier Domingues, Grzegorz Kowaski, Ben Stark e Shahar Shenhar. Os decks na mesma sequência, Red-Black Aggro, Red-black Aggro, Mono Red e UW God-Pharaoh’s Gift.

O resultado? Bom, o resultado foi que, como havia dado spoiler antes, Javier e Grzegorz se enfrentaram na final e depois de jogos eletrizantes (tirando é claro o jogo onde Ben Stark não fez nada contra Grzegorz) o torneio terminou com o Javier Domingues com uma vitória a mais do que no ano passado e se coroando Campeão do World Championship 2018!

Créditos: Wizards of the Coast

Sua lista segue abaixo:

Standard BR – Javier Domingues Worlds Championship 2018
Planeswalker (3) 2 Chandra, Torch of Defiance 1 Karn, Scion of Urza Creature (22) 4 Bomat Courier 4 Scrapheap Scrounger 2 Kari Zev, Skyship Raider 2 Pia Nalaar 4 Goblin Chainwhirler 2 Rekindling Phoenix 2 Hazoret the Fervent 2 Glorybringer Sorcery (3) 2 Doomfall 1 Cut // Ribbons Instant (5) 2 Magma Spray 3 Abrade	Artifact (2) 2 Heart of Kiran Land (25) 4 Dragonskull Summit 4 Canyon Slough 2 Aether Hub 14 Mountain 1 Swamp Sideboard (15) 1 Pia Nalaar  1 Chandra, Torch of Defiance  2 Karn, Scion of Urza 1 Magma Spray 2 Doomfall 1 Siege-Gang Commander 3 Chandra's Defeat  1 The Eldest Reborn  2 Duress 1 Sorcerous Spyglass

  

Parabéns a Javier Domingues campeão mundial de Magic 2018 e parabéns a Gerry Thompson, campeão dos jogadores!