Ultimate Masters, o Pauper e a manipulação do formato

Por Francisco Ferreira
Equipe Liga Arena


Ultimate Masters é um produto que tem gerado muitas controvérsias desde que foi anunciado. Ele foi de "produto mais desejado de todos os tempos" a "possivelmente o pior masters da história" em poucos dias de análise da comunidade. E, dias antes de seu lançamento, ainda não se chegou a uma conclusão clara de como o mercado reagirá ao último masters planejado (ao menos por enquanto) pela Wizards of the Coast.

Em meio aos talvezes temos pelo menos uma certeza quanto a essa edição: ela terá um impacto considerável no formato Pauper. Por algum tempo se discutiu a relevância dada pela Wizards ao Pauper quando lançava coleções masters e conspiracies da vida, já que as cartas que são impressas como comuns no Magic Online passam a ser legais no formato, dado seu caráter “eternal”.


Acredito que a princípio só ao formato limitado da edição se dava a devida importância, mas com a crescente popularidade do Pauper no esse foco passou a ser compartilhado ao se desenhar uma edição. Hoje em dia, com o início das ligas Pauper competitivas, e a especulação crescente de que o formato pode passar a ser sancionado no Magic de papel, não nos resta dúvidas quanto a intenção da Wizards de interferir no formato através dos produtos não-padrões, tanto em termos de disponibilidade das cartas quanto a adicionar novas ferramental às possibilidades dos decks já existentes no formato.

Dito isso, existem três cartas com grandes chances de abalar o formato sendo lançadas em Ultimate Masters, e através delas podemos fazer uma leitura de para onde estão querendo levar o Pauper.


Créditos: Wizards of the Coast




Este feitiço pode contribuir para que um novo arquétipo de controle usando branco possa tomar espaço no formato. Resurrection contribui para uma estratégia já bem conhecida no Pauper, que é fazer o looping Archaeomancer + Ghostly Flicker. Ela te dá a opção de recomeçar o looping caso você se veja sem criaturas, além de ela mesma poder ser alvo dos efeitos de retornar insantânea ou feitiço do cemitério. Também é muito poderosa no plano B desses decks: bater com Mulldrifters – uma criatura 2/2 voar e compra duas cartas por 4 manas é um ótimo negócio.

Resurrection também pode dar luz a decks reanimator mais consistentes no pauper, mesmo que não haja muitas criaturas no formato que o justifiquem.

Vejo uma tentativa honesta aqui de aumentar as possibilidades do formato com uma carta de potencial mas sem riscos de ser quebrada.


Créditos: Wizards of the Coast





Essa é uma clara tentativa de subir o tier dos decks Heroic. Apesar de haver muitos aggros no Pauper, decks de bicho nunca são demais quando a intenção é popularizar um formato, ainda mais quando a premissa do formato é ser mais acessível financeiramente falando, aí é natural que um perfil de jogador mais casual seja mirado pela empresa, e decks com planos de jogo aparentemente mais lineares*, e com mais auto-wins, atraem esse público.

Sobre a carta em si, é uma inclusão automática no arquétipo, que aumentará a consistêcia do deck relevantemente.


Créditos: Wizards of the Coast

3) Foil


A carta mais polêmica da edição para o Pauper. A Force of Will das cartas comuns. Pode parecer teoria da conspiração, mas a transição dessa carta para o Pauper para mim tem um objetivo claro: banir Gush. O pauper hoje em dia tem dois pilares bem definidos: decks com Gush (leia-se decks de Delver + decks Tireless Tribe combo) e decks de Monarch, o restante do formato orbita em torno desses dois tentando responder da melhor forma possível a ambos. Os do primeiro tipo são decks tempo, que contam com turnos muito poderosos e assumem uma postura de jogo muito frustrante para quem está jogando contra, mais frustrante ainda quando se é inexperiente (Counterspells já espantaram novatos do Magic, acreditem). Gush é uma carta obviamente forte, seu banimento no Legacy não é sem razão, e conforme o Pauper ganha cada vez mais poder seu banimento é uma questão de tempo, foil simplesmente vem para justificar esse banimento. É uma carta extremamente forte com Gush no formato, e fraca/muito fraca sem a presença dele. Nos resta saber se o formato irá se equilibrar com o enfraquecimento dos decks de Delver ou se isso dará início a uma onda de banimentos (cartas de monarca podem rodar em médio prazo se isso ocorrer) até que o formato de fato se estabilize.

Claro, há a chance de Foil simplesmente não aparecer nas listas 5-0 e aí Gush não terá motivos para levar o martelo do ban, mas parece improvável.

A Wizards não se pronuncia muito sobre isso, mas os indícios nos mostram que a preocupação com o Pauper é crescente, e com isso muita coisa boa pode acontecer para fãs do formato (como o jogo sancionado). Muitas águas ainda rolarão, e nós ficamos na torcida para que a empresa acerte na mão ao mexer em time que está ganhando. 

O Pauper aparentemente precisa mudar sua receita para atingir o mercado que a Wizards deseja, e para isso sacrifícios serão feitos, e o Pauper irá sangrar. Esperamos que só o suficiente.

Um abraço,
ChicoBS.

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