"Eles choram ao ouvir minha voz, cabeças tensas em corpos destruidos além da esperança. Olhos que me encaram tanto que suas últimas visões serão minhas. Sua angústia me parte ao meio, mas eles gritam meu nome como se eu troxesse esperança. Observe Otária, observe Dominária, Eu sou Karona. Eu sou a mágica."
Dominária não conta com uma escassez de deidades. Em cada plano existe ao menos uma figura a ser endeusada, que é reverenciada e adorada por seus habitantes. No plano negro das máquinas, Phyrexia, Yawhmoth, o deus do metal guinchante é celebrado como criador e pai da raça phyrexiana. Nas florestas de Llanowar e Skyshroud, em Dominária, a planinauta Freyalise é vista como a guardiã da floresta. Mesmo que contos estranhos girem em torno dessas deidades, nenhum desses contos é tão estranho quanto a vida de Karona.
O fim das Guerras de Numena em Otária viu três poderosas mulheres lutarem entre si em um conflito que dividiu todo o continente em dois. A zelote angelical Akroma confrontava a cabalista distorcida, Phage, na antiga cidade de Averru com seus dois exércitos. Milhares foram mortos na batalha que se seguiu e nos últimos momentos da contenda a terceira mulher, Zagorka, saltou de uma das torres circundantes para o domo onde Akroma e Phage lutavam freneticamente. Como tudo indicava uma vitória de Akroma, Kamahl, o bárbaro, destruiu as três mulheres com um poderoso ataque de seu machado, o Soul Reaper (Ceifador de Almas). Quando ele fez isso as almas e energias arcanas das mulheres se fundiram em uma luz cegante que engoliu os corpos das três mulheres. Da luz nasceu uma nova entidade que flutuava no ar. Karona, o Falso Deus, a Mágica Encarnada, havia nascido.

Alarmada e confusa com o grande fluxo de pessoas que de repente começou a adorá-la, Karona tentou fugir voando através de uma grande extensão de deserto. Lá, entre areia e pedregulhos ela encontrou dois homens nus que se chamavam Sash e Waistcoat. Ela não tinha ideia de como eles iriam mudar sua breve vida para sempre. Ao invés de adorá-la, os dois homens tentaram se controlar mas acabaram por fazer papel de bobos. Karona estava tão aturdida que ajudou os dois, levando-os para um oasis e curando as suas feridas. Depois de algum tempo, Karona decidiu que eles poderiam ajudá-la a sua verdadeira identidade, então ela decidiu rumar para a cidade de Eroshia, onde eles podiam fingir ser seus discípulos.

Após passar alguns dias na cidade, Karona chamou um conselho com todas as mais importantes figuras de Eroshia, para decidir o que ela era. Houveram muitas sugestões para sua identidade, variando do espírito de uma antiga nau, a Bons Ventos, até o fantasma de Serra. No entanto, seu discípulo Sash chegou a uma brilhante conclusão - Karona era a mágica manifestada. Emocionada com a descoberta, Karona instantaneamente aderiu à ideia e após alguns dias ela deixou Eroshia para ir às montanhas testar seus recém-descobertos poderes.
Ainda que confusa sobre o que podia fazer, Karona virou-se para seus dois discípulos atrás de conselhos. Após muita tentativa e erro, Sash e Waistcoat descobriram que os poderes de Karona eram baseados na fé e os dois acabaram por recriar a Lua Nula Thran, que havia sido demolida 100 anos atrás, na Invasão Phyrexiana, antes de destruí-la novamente.
Algumas horas após a descoberta dos poderes, milhares de adoradores fervorosos e devotos novamente apareceram para adorar a deusa. Frustrada com os adoradores, Karona não queria mais que eles a aportunassem, então ela usou seus vastos poderes para criar um poço sem fundo, onde centenas cairam. Vários outros teriam caído pelo poço, se seus discípulos não a tivessem convencido a parar.

"Gaea me rejeita... Então também a rejeitarei."
O próximo ser, trazido pelor portal vermelho, era um anão. Ele se apresentou como Fiers e admitiu à Karona que ele era um planinauta que era adorado como um deus pelos anões de Dominária. Sem se impressionar, Karona o enviou de volta à seu portal. Desesperada, a deusa abriu o portal preto e imediatamente se aterrorizou com a voz de puro mal que irradiou dele. A voz assombrada a convidava a entrar no portal. Incerta, Karona perguntou várias vezes pelo nome do dono da voz, até que finalmente ele se revelou como sendo Yawgmoth, o Inefável, que havia sido banido de Dominária por causar um apocalipse devastador. Vendo que ele não seria de ajuda, Karona rapidamente fechou seu portal, preferindo uma deidade mais convidativa.

O último portal era o branco, e um homem de pele negra saiu dele. O homem que era conhecido como Teferi também se revelou um planinauta e explicou que ele havia retirado de fase uma grande parte do super continente de Jamurra, para proteger seus habitantes. Como ele não parecia querer ajudá-la, Karona decidiu seguir o caminho mais promissor, que era o de Ixidor.

Karona sabia o que fazer. Para evitar ser morta pelos três Numena ela devia pará-los antes que eles pudessem agir, e onde mais eles poderiam se esconder e conspirar se não na cidade de Averru? Com Sash e Waistcoat junto dela, Karona moveu-se ao leste, em direção à Averru, novamente deixando centenas de seguidores desapontados.

Karona havia chegado às Eternidades Cegas, um espaço infinito entre planos que guardava os caminhos de numerosas pessoas através da história. Desesperada para escapar do estranho lugar, Karona seguiu um caminho aleatório para outro plano. Instantaneamente céus amarelos tomaram o lugar da escuridão das Eternidades Cegas. Perplexa com sua localização, Karona decidiu pedir ajuda aos habitantes locais e disse "Gerrard Capasheno", um estranho nome que ela havia ouvido nas Eternidades Cegas. A reação dos habitantes locais não foi nada boa, eles começaram as calúnias, dizendo que ela estava associada aos rebeldes Cho-Arrim e aos "hereges". Aterrorizada, Karona fugiu, indo à outro plano.

Rejeitada de dois planos, Karona voou pelos planos até chegar à Phyrexia, que ainda estava em estado de total destruição, graças às soul bombs que explodiram lá durante o apocalipse. Olhar para a paisagem destruida fez Karona pensar em Yawgmoth e ela se viu nele, ao perceber que ambos haviam causado grande devastação e que foram ambos rejeitados por Gaea. Entretanto, a voz assombrada de Yawgmoth novamente invadiu seus pensamentos e pediu para que ela continuasse em seu plano. Tendo sido avisada por Sash e Waistcoat que aquelas palavras eram idênticas às que Arien havia usado para atraí-la para a armadilha, Karona decidiu deixar o plano.

Enlouquecida pelo seu próprio poder, ou, talvez, por seu contato com Yawgmoth, Karona apareceu sobre os céus de Eroshia e exigiu que os habitantes se curvassem em adoração ou seriam mortos por uma repentina explosão mágica. Com Sash e Waistcoat gritando para os habitantes para se curvarem, poucos resistiram e esses foram instantaneamente aniquilados quando Karona enviou uma onda de mana para a cidade.

"Levanta-se novamente, então você poderá continuar a destruir nossos inimigos."
Em algumas horas Karona e seus discípulos chegaram a Averru e então ela mandou os dois para desafiar o bárbaro párdico. Os dois retornaram e disseram a ela que os habitantes não iriam permitir que ela entrasse na cidade e eles estavam preparados para aguentar um cerco. Eles também revelaram os planos de Kamahl de matá-la com a espada do Mirari. Vendo que a grande maioria dos habitantes consistiam de glifos animados, Karona desencadeou uma magia que demoliu tudo. Então, tudo o que restava em Averru era um amontoado de construções abandonadas, Kamahl, o centauro general Stonebrow e os três Numena.

Logo Kamahl, Stonebrow e Lowallyn conseguiram sair da cidadela e o Numena usou sua mágica mística para dar vida à um amontoado de rochas, tornando-o num golem que ameaçou tirar a vida da poderosa deusa. Entretanto Karona não podia ser vencida tão facilmente, pois o que seria a mágica se não um modo de mudar o rumo da guerra? Usando uma magia de controle, Karona ganhou o controle do golem e o incitou contra seu mestre. O golem controlado foi parado, mas não antes de esmagar Lowallyn sob seu enorme peso. Com dois dos três Numena mortos, Averru buscou níveis épicos de energia mágica e foi capaz de manifestá-la dentro da cidadela. Entretanto, Karona pôde facilmente despachá-lo com uma repentina carga de energia diretamente no olho central de Averru.
Apenas Kamahl e Stonebrow sobraram e após a perda de seus três maiores jogadores eles podiam fazer muito pouco além de lutar contra Karona até o fim. Felizmente, Karona não acreditava que Stonebrow era uma ameaça e simplesmente o deixou imóvel com a ajuda de suas magias. Então começou uma batalha épica entre um ser onipotente e um homem com uma grande espada. Nos primeiros momentos da batalha, Karona tirou a espada do Mirari das mãos de Kamahl e foi em direção dele para o golpe de misericórdia.
Mesmo no que deveria ser seus momentos finais, o poderoso Kamahl desafiou Karona, alegando que milhares prefeririam morrer a se curvar diante de um falso deus como ela. Karona levantou seu braço para o golpe final mas repentinamente parou quando a dor inundou seu corpo. Ela logo viu a ponta da espada do Mirari saindo de seu peito. Olhando para trás Karona viu as formas trêmulas de Sash e Waistcoat implorando por seu perdão, enquanto diziam que aqueles eram os planos de Lorde Macht para fazer tudo voltar ao normal. Enquanto morria não se convenceu e com seu último suspiro ela acusou Lorde Macht de conspirar para roubar seus poderes...
Após seu falecimento, Lorde Macht levou seu corpo e a espada do Mirari para o plano de Argentum. Lá, ele removeu a espada de seu peito e poderes antigos novamente intervieram. O corpo mágico de Karona se dissipou e retornou as almas de Akroma, Zagorka e Phage. As essências de Akroma e Zagorka espalharam-se aos quatro ventos, significando o fim da tirania de Karona.
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